*imagem ilustrativa feita com IA para retratar o local*
Salinópolis (PA) — Muito antes da orla moderna, com passarelas iluminadas, letreiros turísticos e ciclovias à beira-mar, era a Praça da Bacia o principal ponto de encontro de quem frequentava a Praia do Maçarico. Localizada bem no coração da antiga orla de Salinas, a praça simples — mas cheia de vida — foi palco de memórias inesquecíveis para moradores e turistas, marcando uma geração que hoje ainda carrega saudade no olhar ao passar pela nova paisagem.
O nome curioso, “Praça da Bacia”, nasceu de uma grande estrutura circular no centro do espaço, que lembrava uma bacia de água ou tanque. Ali, crianças jogavam moedas para dar sorte ou apenas corriam ao redor enquanto os pais conversavam nos bancos de cimento. A referência pegou rápido, virou ponto de localização e, com o tempo, se tornou parte da identidade afetiva do lugar.
Durante as férias de julho e no réveillon, o local se transformava. As barracas de comidas típicas tomavam conta da praça com seus cheiros irresistíveis de milho verde, churros, batata frita e pastel. A movimentação era intensa, mas nunca caótica. Era o caos bonito da tradição — aquele em que o som dos ambulantes e das risadas se misturava ao barulho das ondas ali perto.
Os brinquedos infantis, mesmo que simples, garantiam a alegria dos pequenos. Havia carrossel manual, pula-pula, escorregador de ferro e outras estruturas improvisadas, que hoje seriam consideradas inseguras — mas na época, eram pura diversão. A praça funcionava como uma espécie de centro democrático do lazer: todos cabiam ali, das crianças aos idosos, dos vendedores locais aos artistas de rua.
Além de espaço recreativo, a Praça da Bacia também era palco de eventos improvisados, como apresentações musicais de talentos locais. Bastava um violão e uma caixa de som, e logo o público se formava em volta. Esses momentos criavam laços entre as pessoas, em um tempo em que o turismo era mais raiz e a cidade parecia menor, mais familiar, mais nossa.
Com a inauguração da nova orla em dezembro de 2022, o espaço foi completamente transformado. Ganhou estrutura moderna, iluminação de LED, paisagismo e novas funcionalidades. Mas junto com a beleza da revitalização, ficou uma sensação de perda emocional — como se um pedaço da infância e da juventude tivesse sido soterrado pelo concreto da modernidade.
Nas redes sociais, é comum ver comentários saudosos sempre que alguma foto antiga da Praça da Bacia reaparece. A pergunta “alguém lembra disso aqui?” costuma gerar dezenas de reações, relatos e até comoções. E é por isso que muitos ainda se perguntam: o que ficou da Praça da Bacia?
A resposta talvez esteja na memória de quem viveu. Mesmo que a estrutura física tenha dado lugar à modernidade, a velha praça continua viva na lembrança, na conversa nostálgica, nas histórias contadas à beira da praia. Porque, no fundo, a Praça da Bacia existiu mesmo — e existe até hoje dentro de cada salinense raiz.
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