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Ação integrada intensifica coleta seletiva de lixo em Salinópolis

Papelão coletado por membros da Associação de Reciclagem de Salinópolis. Material que vira dinheiro para quem não tem emprego fixo.
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A coleta seletiva de lixo é prioridade no trabalho que o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-bio) e o Instituto Manguezal desenvolvem em Salinópolis, município do nordeste do Estado. Com a proximidade da alta temporada, em julho, as ações são intensificadas para que os resíduos produzidos pelos veranistas nas praias do município – que estão entre as mais procuradas no período de férias escolares – não agridam o meio ambiente, e também possam gerar renda aos catadores.
O trabalho faz parte do Projeto Tenda Verde, espaço de sensibilização social que tem entre os objetivos conscientizar visitantes, moradores e comerciantes sobre a importância da coleta seletiva. A diretora de Projetos do Instituto Manguezal, Brenda Lopes, explica que a iniciativa inclui palestras e cursos de capacitação para a comunidade. Somente no ano passado, nos meses de junho, outubro e novembro, 150 pessoas foram capacitadas. O resultado é menos lixo na praia. Em julho de 2016, 26 toneladas foram recolhidas na praia do Atalaia. Neste domingo (7), os catadores foram à praia recolher material.

A reciclagem está prevista nas ações do Programa Pará Sustentável, lançado no mês passado pelo governo do Estado. “O apoio do Estado é fundamental para que esse projeto seja executado. Nosso objetivo desde 2015, quando o Instituto foi fundado, é somar esforços com o poder público e a iniciativa privada para que a coleta seletiva esteja integrada à coleta regular, fazendo com que o lixo deixe de ser um passivo ambiental para se tornar um ativo econômico, dentro de uma política municipal sustentável”, ressalta Brenda Lopes.

                              Os esforços para implantar a coleta seletiva no Atalaia – e nas demais praias do município, como Maçarico e Farol –, têm a parceria da Associação de Reciclagem de Salinópolis. “Comecei catando lixo no lixão. Vi que, com esse trabalho, era possível ajudar o meio ambiente e também gerar renda para as famílias. Hoje temos parceiros importantes, como o supermercado São Geraldo, que nos fornece 20 mil toneladas de papelão por mês. Esse material é vendido e vira dinheiro para quem não tem um emprego fixo”, informa o presidente da Associação, Ailton Andrade.

                    Oportunidade – Coletar lixo reciclável e vender para indústrias que reaproveitam esse material tem garantido o sustento de muita gente. É o caso do vendedor ambulante Luciano Dias da Silva, 27 anos. Nos fins de semana, ele vende churros na praia; nos dias úteis, trabalha na Associação ajudando a recolher lixo reciclável. Com a atividade, já garante R$ 700,00 a cada 15 dias de trabalho. “Eu guardava latas, garrafas e outras coisas de plástico e não sabia para quem vender. Até que descobri o trabalho da Associação. Hoje, além de ajudar a sustentar a casa, sou uma pessoa com maior consciência ambiental”, afirma o vendedor.

                     Fundamental para o sucesso do projeto, a conscientização já está gerando frutos. No Atalaia, que recebe a maior quantidade de turistas em Salinópolis, os comerciantes são parceiros importantes nesse trabalho. Cerca de 60% das 94 barracas da praia já fazem coleta seletiva, e a tendência é ampliar esse número.

Uma delas é a barraca Filha do Axé, que investiu em coletores de material reciclável, um deles destinado ao óleo de cozinha que é descartado. Ao invés de ir para o lixo, como acontecia antes, esse material com alto poder contaminador do meio ambiente – um litro de óleo causa danos em um milhão de litros de água – agora é separado e recolhido pela Associação de Reciclagem de Salinópolis.

O óleo de cozinha pode ser usado, por exemplo, na fabricação de sabão. Cada litro coletado gera R$ 0,30 de renda para o catador. “Investimos nos coletores e reciclamos o material que vendemos porque sabemos da importância disso para a sustentabilidade. Além de proteger o meio ambiente, contribuímos para a economia, com a geração de renda aos catadores”, diz o dono da barraca Filha do Axé, Tedy Figueiredo.

                         Engajamento – O presidente do Instituto Manguezal, Luiz Tavares, destaca que a coleta seletiva de lixo é uma das diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei Federal n° 12.305. “Uma das metas da legislação nacional era acabar com os lixões e instituir planos de manejo até 2014. Além disso, cabe às prefeituras a coleta de lixo e gestão dos resíduos. Atuamos como parceiros dos municípios na implantação dos planos locais”, acrescenta Luiz Tavares.

O desafio é reciclar pelo menos 60% do lixo produzido nas cidades, considerando que cada pessoa gera em média um quilo de lixo por dia. Salinópolis (com uma população de cerca de 50 mil habitantes) recebe quase 300 mil pessoas na alta temporada. “Isso significa mais lixo, mas também mais oportunidade de renda ao catador, já que o preço do material coletado triplica”, diz o presidente do Instituto Manguezal.

                    De olho no veraneio que se aproxima, a Prefeitura de Salinópolis empreende uma série de ações para receber melhor os visitantes e promover diversão aliada à sustentabilidade. Segundo o secretário municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer, Júlio César Vieira, foi lançado o Programa Salinas Mais Limpa, Segura e Sustentável, que inclui diversas frentes de trabalho. O objetivo é garantir um verão com segurança e consciência ambiental, sem perder de vista o fator econômico.

“Estamos cadastrando os ambulantes que trabalham nas praias para padronizar esse serviço e oferecer ao veranista mais qualidade nos produtos comercializados. Além disso, vamos adquirir lixeiras específicas, que serão instaladas na cidade, e promover a coleta seletiva do lixo. Temos o apoio do Estado também em ações de segurança pública. Estamos preparando a cidade para mais um verão”, antecipa o secretário, explicando que o trabalho de limpeza na praia do Atalaia é realizado duas vezes por dia.

Valor do material coletado pelos catadores

Garrafas PET – R$ 0,80 o quilo

Plástico – R$ 0,80 o quilo

Papelão – R$ 0,15 o quilo

Lata de alumínio – R$ 2,00 o quilo

Óleo de cozinha – R$ 0,30 o litro

 

 

Por Luiz Carlos Santos – Fotos: Rodolfo Oliveira/Ag. Pará

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